Sentimentos relacionados à pandemia

Saúde mental na pandemia: precisamos falar sobre isso

Não é novidade para ninguém que nossa saúde mental foi afetada durante a pandemia . Nossas rotinas foram completamente alteradas, assim como a situação econômica e do mercado de trabalho. As crianças pararam de ir à escola, não circulamos nem encontramos pessoas da mesma forma como fazíamos antes. Nossa saúde mental depende, entre muitas outras coisas, de uma rotina que nos faz bem, de nos sentirmos seguros a respeito do futuro e de estarmos em contato com pessoas queridas.

Fomos privados de tudo isso, então também não é surpresa que a nossa saúde mental esteja sofrendo. E o primeiro passo que devemos tomar a respeito é reconhecer essa situação: o sofrimento psicológico é uma questão de saúde séria que precisa ser vista e tratada. Diversas pesquisas pelo mundo todo identificaram aumento de casos de problemas de saúde mental na pandemia e, principalmente, agravamento do quadro de quem já sofria de algum problema nesse sentido.

No Brasil, a situação é um pouco pior: uma pesquisa da Universidade de Ohio, de março desse ano, apontou que o nosso país lidera os índices de ansiedade e depressão durante a pandemia, quando comparado a 10 outros países. Quase 90% dos brasileiros entrevistados na pesquisa não tinham problemas de saúde mental antes da pandemia. Após o Brasil, Irlanda e EUA aparecem nessa lista, o que faz possível associar um grande número de casos e mortes de covid-19 com um quadro geral de saúde mental pior.

 pandemia

 

A ansiedade e a depressão, os dois problemas mais frequentes, podem ser resultado de diversos aspectos da situação que a pandemia provocou. O isolamento necessário para manter o distanciamento social pode ser muito difícil de suportar para quem depende do apoio de familiares e amigos. O medo constante de se contaminar e a necessidade de estar sempre atento às medidas de proteção sanitárias podem desencadear quadros de ansiedade ou piorar as crises de quem já sofria com isso. E, ainda, a incerteza sobre o fim da pandemia e a insegurança econômica, com muita gente com medo de perder o emprego, é o “gatilho” para novos casos de depressão.

E as consequências não param por aí. A ansiedade e a depressão têm sintomas que impactam de forma direta na saúde física e nas atividades do dia a dia e que, se não tratados, aumentam em efeito bola de neve. Insônia e outros distúrbios do sono, dificuldade de se alimentar corretamente, sentimentos de culpa, de baixa autoestima e perda de interesse até nas coisas que eram antes motivo de alegria são outras consequências que temos observado em quem sofre com a necessidade de isolamento e com o medo de contrair a doença.

Portanto, se você têm sentido alguma dessas coisas, saiba que você não está sozinho. E também que não precisa, nem deve, superar sozinho problemas de saúde mental na pandemia. Milhões de outras pessoas estão sendo afetadas como você e isso só reforça a importância de tratarmos a saúde mental com a seriedade que merece, e nunca minimizar ou colocar em segundo plano.

Esse é, sim, o momento de buscar ajuda psiquiátrica ou psicoterapêutica, e evitar que os sentimentos causados pela pandemia se tornem problemas de saúde mais graves, ou começar seu processo de cura. Procure manter uma rotina que te apoie, com alimentação saudável e exercícios físicos, contato com a natureza e sono regular se possível, e mantenha contato com amigos e familiares, mesmo que virtual. Isso vai te ajudar a manter a motivação para buscar ajuda e levar para a terapia seu desejo de superar esse período difícil. Juntos, você e nossos terapeutas vamos desenvolver a resiliência que você precisa para seguir em frente, apesar de tudo.