Home office e saúde mental: você está lidando bem com isso?

 

Em tempos de pandemia, muita coisa mudou. Nossas rotinas foram afetadas de muitas formas. A rotina de trabalho, que toma a maior parte da vida de muitas pessoas, teve que sofrer inúmeras adaptações. A principal delas foi a implementação do home office para garantir o distanciamento social necessário ao combate à Covid-19. Misturar o ambiente de trabalho com o de casa tem muito mais consequências do que parece à primeira vista, impactando a nossa saúde mental e, consequentemente, a saúde física.

Hoje vamos refletir um pouco sobre esses impactos. Vamos começar pelo mais fácil de perceber: a mudança nos horários. Quando trabalhamos em um local longe de casa, precisamos de horários bem definidos na rotina, porque o tempo de deslocamento até o trabalho precisa ser levado em conta. Isso acaba separando bem as horas do nosso dia em horários de trabalho (quando estamos fora de casa) e horários de lazer ou de estar com a família (o período em que estamos em casa).

Se não saímos de casa para trabalhar, essa divisão fica muito mais difícil de ser feita. Para piorar, a crise em que nos encontramos também trouxe muita instabilidade ao mercado de trabalho, fazendo com que o medo de perder o emprego se some às muitas preocupações que a pandemia já traz. A reação natural a esse medo é tentar se fazer mais valorizado diante dos empregadores, o que muitas vezes significa trabalhar mais e demonstrar mais produtividade. Em outras palavras, fazer-se mais necessário.

O excesso de trabalho, o sentimento de ansiedade para cumprir mais e mais obrigações para não “desapontar” os chefes, sem estar equilibrado com momentos de descontração, acaba elevando os níveis de estresse ao ponto de tornar a rotina de trabalho impossível de se manter. A famosa síndrome de burnout, o esgotamento por excesso de trabalho, tem preocupado inclusive a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um novo estudo feito por essa organização, juntamente com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), descobriu que jornadas de trabalho muito extensas aumentam o risco de mortes por doenças cardíacas e derrames. A relação entre estresse e problemas de saúde físicos podem não ser tão clara para todo mundo, mas pesquisas já comprovaram essa relação. Um estudo de pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, publicado no ano passado, mostrou correlação entre síndrome de burnout e frequência cardíaca irregular, que pode vir a ser fatal.

 

 

 

Na pandemia, 9% da população global está trabalhando mais horas do que trabalhava antes. São muitas pessoas correndo mais riscos de saúde. Se você já identificou que é uma dessas pessoas, já deu o primeiro passo. Lembre-se de que negligenciar seu tempo de repouso e sua saúde mental vão fazer de você alguém menos produtivo, e não mais. Atender cada vez mais e mais demandas de seus chefes não vai garantir sua permanência no emprego, porque não é uma atitude sustentável.

Saiba dizer “não” quando perceber que não há tempo para cumprir aquela tarefa. Estamos em um momento em que todos precisamos, mais do que nunca, entender os limites dos outros e é, inclusive, do interesse dos empregadores que a saúde mental não seja motivo de trabalhadores afastados. Mas também não se cobre de superar esse momento sozinho: vivemos tempos muito diferentes de antes e é provável que você nunca teve de lidar com uma carga de estresse como tão grande como agora. Busque ajuda profissional psiquiátrica ou psicoterapêutica. Nossa equipe escolheu como missão apoiar quem precisa para superar obstáculos e voltar a voar alto, mesmo enquanto enfrentamos a pandemia.