Posts

Seis passos que vão ajudar você a combater os pensamentos suicidas

De forma geral, os pensamentos suicidas aparecem quando a pessoa se vê num profundo estado de desesperança e tristeza. Sabemos que esses pensamentos são intrínsecos ao ser humano, e fazem parte das escolhas naturais que temos que fazer para resolver nossos problemas, pois eles permanecerão em nossa mente até que encontremos outras formas de lidar com aquilo que nos causa o sofrimento.

Na maioria das vezes, esses pensamentos são percebidos quando se tornam frequentes e trazem consigo fortes emoções e interpretações muitas vezes distorcidas das situações de vida. Geralmente esses pensamentos podem surgir a partir dos mais variados tipos de problemas, que podem ser familiares e de relacionamento, profissionais e financeiros, entre outros. O surgimento dos pensamentos suicidas é um fator importante para que a pessoa busque ajuda profissional, pois é um sinal de que algo não está bem em sua vida.

A maneira como pensamos faz total diferença em nossas vidas, e, com o passar do tempo, os pensamentos negativos se tornam naturais e nós já não nos alarmamos quando eles surgem. É dessa maneira que os pensamentos suicidas evoluem: eles são constantes, ligados à baixa-estima, preocupações, ansiedade, depressão e muitos outros sentimentos que machucam e abrem caminhos para transtornos psiquiátricos.

As distorções e inconformidades com a vida e os pensamentos negativos de que será impossível mudá-la, são um terreno fértil para o desejo de morte. Quando chegamos nesse ponto, frases que sugerem o desejo de acabar com a situação e os planos de tirar a própria vida aparecem, e, eventualmente, esses comportamentos de autodepreciação podem levar ao suicídio.

 

Mas como posso tentar modificar os meus pensamentos suicidas?

  1. Compreenda que você tem um problema: os pensamentos suicidas podem ser sintomas de um transtorno mental que ainda não foi diagnosticado pelo seu médico, e você pode estar associando eles a outras coisas. Os transtornos psicológicos são tratáveis como qualquer outro transtorno, e negá-lo só aumentará seu sofrimento. Seja honesto consigo mesmo.
  2. Existem soluções para os seus problemas: quando estamos dentro da situação, é difícil enxergar possibilidades para sair dela. Chegamos a recusar ajuda por acreditar que não existe solução, mas essa crença não é real, e, independente das circunstâncias, sempre existirá outro caminho ou ponto de vista para nos ajudar a ter a vida valorosa que desejamos.
  3. Não acredite plenamente nos seus pensamentos: pessoas com comportamentos autodestrutivos costumam acreditar cegamente em seus pensamentos e interpretações distorcidas das situações que vivem, e costumam criar cenários e verdades equivocadas que parecem fazer total sentido. É preciso que você confronte todos eles e busque questioná-los. Lembre-se que é você quem controla os seus pensamentos, e não existe ninguém que possa impedir isso.
  4. Mantenha os bons hábitos: perceba pequenos detalhes na sua vida pelos quais você poderia agradecer, seja mais otimista e comece a agradecer por tudo aquilo que tem. Pratique atividade física diariamente, mesmo que por pouco tempo; escreva suas conquistas e relembre todas elas com frequência; pratique a higiene no sono; cuide da sua alimentação; pratique a autocompaixão e estimule sua autoestima.
  5. Divida seus problemas com pessoas importantes: compartilhar aquilo que você sente pode ajudá-lo a enxergar coisas que talvez sozinho você não consiga. Tentar parecer forte e esquecer-se de si mesmo é algo comum, e desabafar e colocar pra fora seus sentimentos pode ser uma forma de lidar com a situação. Mesmo que não pareça, existem muitas pessoas em nossas vidas capazes de nos ajudar e apoiar em momento de desesperança. Não tenha vergonha de pedir ajuda.
  6. Procure ajuda profissional: sozinho você pode fazer apenas uma parte do trabalho de desenvolver seu autoconhecimento e regular seu estado de humor, mas com a ajuda de um bom profissional, é possível superar suas dores emocionais e encontrar soluções para os problemas e aspectos negativos da sua vida. O profissional ajudará você a ter de uma vida mais saudável e próxima dos seus desejos e valores.

Lembre-se que a vida é feita de momentos alegres e tristes, e isso é perfeitamente natural para todos nós, seres humanos. Embora seja impossível viver sem nenhum momento de tristeza, nós podemos tentar diminuí-los ao tratar com a ajuda dos profissionais de saúde mental os nossos pensamentos, emoções e comportamentos, e, consequentemente, nosso estado de humor. O profissional de saúde mental irá ajudar você e definir o melhor tratamento para o seu caso.

Quatro coisas que você pode fazer para ajudar a prevenir o suicídio e promover a saúde mental

Você certamente já sabe que os índices de suicídio vêm subindo drasticamente em todo o mundo, e que as pessoas que pensam e planejam suicídio costumam dar sinais e pedir algum tipo de ajuda, pois precisam de amparo emocional e compreensão. Mas você sabe o que fazer efetivamente para ajudar a prevenir o suicídio ?

Você sabe como agir não só no setembro amarelo, mas durante toda sua vida, em favor da promoção da saúde mental e da prevenção ao suicídio? Você em algum momento já procurou se informar sobre o que é a depressão? Sabe quais os seus principais sintomas? Você conhece a rede de saúde mental do seu município, seja ela pública ou privada? Você em algum momento faz piada com os termos retardado, bipolar, louco? Você acredita que ir a um psiquiatra ou psicólogo é uma atitude extrema de pessoas que estão realmente doentes? E quando aquele amigo mais irritado que causa problemas em todo lugar que vocês vão ou aquela amiga que discute por qualquer coisa estão em crise, você conversa com eles ou apenas se afasta sem tentar compreender o por que eles agem assim?

As suas respostas a todas essas perguntas podem ajudá-lo a perceber se você é ou não alguém que ajuda a promover saúde mental, e, consequentemente, prevenir o suicídio. Caso suas respostas façam você refletir e querer aprender como agir de forma prática, veja algumas dicas que podem ajudá-lo a apoiar aqueles que sofrem.

  1. Algum amigo ou familiar expressou uma mudança de humor acentuada, passou a ficar irritado ou triste com mais facilidade, não aceitar convites pra realizar atividades que gostava de fazer, passou a se isolar ou se afastar de forma muito brusca: converse com essa pessoa, confirme se está tudo bem com ela e se pode ajudá-la em algo. Faça isso com certa frequência e deixe claro que essa pessoa pode contar com você sempre.
  2. Quando a pessoa te contar um problema pelo qual ela está passando, não dê soluções que são simples para você. Não tente resolver o problema dela ou sugerir que ela enfrente aquilo a qualquer custo. Em vez disso, pergunte se você pode ajudá-la de alguma forma, se ela gostaria de sair para caminhar, comer alguma coisa com você enquanto conversam melhor sobre o assunto. Ser acolhido sempre ajuda.
  3. Se alguém disser a você que está pensando em tirar a própria vida, não é necessário se desesperar, pois essa pessoa já está assustada e sofrendo muito. Permita que ela fale, procure conversar e compreender pelo que ela está passando, quais suas maiores dores e seus maiores problemas, deixe que ela “desabafe” e sugira fontes de apoio psicológico profissional (psicólogos, psiquiatras, CVV, ou outros recursos que estejam disponíveis na rede de apoio).
  4. Se for possível, não deixe a pessoa sozinha em momentos que considere críticos. Caso aconteça uma situação de emergência, busque apoio imediato no CVV – 188, SAMU – 192 ou leve a pessoa imediatamente ao pronto socorro ou hospital.

Queremos lembrar que ninguém é 100% responsável pelo outro, mas você é responsável por tentar ser alguém melhor. Converse com aquele amigo ou familiar que você sente que precisa de ajuda, abra o assunto nos grupos de amigos, ouça e acolha.

É fundamental perder o medo de falar sobre o assunto e oferecer ajuda a quem precisa. Nas horas difíceis pode fazer total diferença ter com quem conversar. Muitas vezes as pessoas precisam apenas ser ouvidas e acolhidas. O melhor a fazer nessas situações é não julgar, acolher e direcionar para os profissionais especializados.

Essas são pequenas atitudes que podem ser praticadas todos os dias, e não apenas no mês de setembro.

Escolha Voar Alto

Conversando abertamente sobre suicídio

Na psicologia definimos o suicídio como um gesto de autodestruição, de realização do desejo de dar fim ao próprio sofrimento emocional ou ao desejo de morrer. O suicídio é uma escolha e uma ação com grandes consequências para o meio social, podendo acontecer em todas as idades, etnias e classes sociais.

Estima-se que anualmente cerca de 10 a 20 milhões de pessoas tentam suicídio, e a cada suicídio concretizado, cerca de 6 a 10 pessoas sofrem consequências irreversíveis em suas vidas. Esses números são muito altos para que passem despercebidos pelas autoridades mundiais de saúde e por profissionais da área da saúde mental.

Muitas causas levam a pensamentos e atos suicidas. Em geral, as pessoas tem necessidade de aliviar pressões externas e dores emocionais, depressão, transtornos de ansiedade graves, medos, traumas, mágoas e culpas ligadas a fracassos financeiros, perdas de emprego ou posição social, considerados fracassos e humilhação.

Na maioria dos casos, as pessoas combinam duas ou mais situações e sentimentos conflituosos, gerando o sentimento de ambivalência onde pensamentos de fuga e desaparecimento se alternam com pensamentos negativos de não serem capazes de resolver seus problemas, não enxergarem saídas ou possibilidades. Todos esses conflitos geram a necessidade da busca pela paz e o descanso, na intenção de uma situação melhor, provocando o surgimento do pensamento suicida, onde este parece ser o meio mais rápido e eficaz de “resolverem” todo o sofrimento que vivem.

Infelizmente, o pensamento suicida é algo que faz parte da natureza humana, e é impulsionado pela possibilidade de fazer essa escolha, mas também é uma reação que acontece naturalmente frente a situações de grande estresse e dores emocionais, sendo mais comuns em pessoas já fragilizadas por mais de uma situação. O suicídio não está ligado diretamente a uma doença mental, mas sim a um momento crítico que pode despertar esse pensamento.

Diferente do socialmente falado, o número de homens que cometem suicídio é maior do que o de mulheres, apesar das mulheres tentarem mais vezes do que os homens. Isto está diretamente relacionado com a cultura patriarcal, onde o homem não pode demonstrar sentimentos ou pedir ajuda para lidar com eles. Muitos são os preconceitos sociais que ainda envolvem o homem e a saúde mental “abalada”, e, por isso, infelizmente muitos conseguem tirar suas vidas, sem ao menos receber qualquer tipo de ajuda. Diferente das mulheres, que de forma geral tem um espaço maior para demonstrarem suas emoções e “fragilidades”,  e dessa forma receberem ajuda.

Frequentemente as pessoas que pensam em suicídio pedem ajuda em momentos críticos, mas fazem também algumas mudanças que podemos estar atentos como: isolamento, mudanças de hábitos muitos marcantes, perda do interesse na aparência física, queda no desempenho profissional ou escolar e alterações de sono e alimentação. Associado a tudo isso, podem aparecer falas como “eu quero sumir” ou “prefiro morrer” – esses casos demonstram necessidade de atenção e possivelmente de ajuda.

Muitas pessoas que pensam em suicídio podem desistir dessa ideia se receberem apoio e puderem falar sobre o assunto sem julgamentos, recebendo acolhimento e respeito da sua rede de apoio, que são aqueles em quem confia. A combinação de profissionais de saúde mental e ONGs como o CVV, que disponibiliza atendimento gratuito 24 horas todos os dias, tem grandes chances de auxiliar na promoção da saúde mental e da qualidade de vida.

Escolha Voar Alto.

Vamos derrubar Tabus? Vamos falar sobre suicídio

Diante de toda a mudança que vem acontecendo no mundo, falar em saúde mental se tornou mais urgente do que nunca. No Brasil, 32 pessoas tiram a própria vida todos os dias, e a cada 45 minutos em média um brasileiro morre vítima de suicídio. Compreender as causas e as formas de ajudar pode ser o primeiro passo para reduzir esses números tristes.

As razões para o suicídio podem ser as mais variadas, porém, o que mais assusta é que muitas pessoas já tiveram essa intenção em algum momento da vida. Segundo estudos da Unicamp, 17% dos brasileiros em algum momento pensaram em tirar a própria vida, e desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso.

Diante dessa triste realidade, acreditamos que as primeiras medidas que se podem tomar partem da prevenção e da educação: é necessário falar sobre o assunto, derrubar os tabus que envolvem o suicídio e compartilhar informações ligadas ao tema. Essas medidas já foram tomadas com outros temas também tabus como o sexo, as drogas, as doenças sexualmente transmissíveis, o anticoncepcional e todos os outros assuntos que viraram grandes causas de prevenção e enfrentamento, ajudando a proteger milhares de pessoas.

O mês de Setembro foi escolhido simbolicamente como o mês da luta pela prevenção ao suicídio, e acabou tornando-se o mês onde as pessoas estão mais abertas para receberem informações e aprenderem sobre ao assunto. Então, queremos ensinar a você que para prevenir um suicídio, é fundamental aprender a acolher sem criticar, conversar sem julgar, escutar e compreender os sentimentos daqueles sofrem com ansiedade, tristeza, medo, solidão e tantos outros sentimentos que causam dores emocionais e precisam ser respeitados e tratados com paciência e cuidado.

É preciso reconhecer sinais, diferenciar mitos de verdades, conversar, ouvir profissionais e conhecer os canais de apoio como o CVV 188 (Centro de Valorização da Vida), que disponibiliza orientação e atendimento gratuito 24 horas todos os dias. Além de tudo isso, falar sobre o assunto também é uma solução para que possamos praticar a empatia e enxergar com os olhos de quem pensa em suicídio, e quem sabe assim sermos capazes de apoiá-los.

O que sabemos é que essas pessoas tem em comum um grande sofrimento emocional para o qual não vêem saída, encontrando no suicídio uma forma de resolver seus problemas, acabar com a dor, pois não necessariamente o desejo dessa pessoa é de morrer. Portanto, a dor emocional que a pessoa sente precisa ter fim, e de alguma forma ela precisa ser curada, ressignificada e transformada, pois assim como os outros sentimentos vistos como positivos, a dor precisa encontrar sua forma de expressão. Por isso, os canais de comunicação para que todos possam pedir ajuda devem sempre permanecer abertos.

Seja um ponto de luz na vida dos outros todos os dias, e use o Setembro Amarelo como plataforma de comunicação e prevenção.

Encontre em nós apoio para Voar Alto.